As máscaras da comunicação caem e são tristes

Em ritmo de Carnaval, algumas fantasias se despedaçam. Sem confete e serpentina, mas com algum barulho.

A partir de agora a Falha de Comunicação será uma coleção de notas. Mais diretas, um pouco questionadoras e, se der, com algum humor.

Mas sigo com meu bloco na rua e, para quem transpira por mais leitura, criei um perfil no Substack. Leia essa história contada por Quentin Tarantino em seu livro e, se gostar, deixe seu e-mail para receber as próximas gratuitamente e sem depender do algoritmo para entregar.


MÁSCARA 1: Negacionistas do Aquecimento Global

O sonho de qualquer carnavalesco é pegar uma folga igual a previsão da onda de calor no sudeste do Brasil: primeiro, ia até sábado passado. Foi prorrogada até terça. Agora, vai até o Carnaval ou, ainda, até o fim do verão.

Se vai acabar um dia, sei lá. Mas uma coisa é certa. Caiu a máscara de quem dizia que aquecimento global não existe.

Enquanto isso, o presidente Lula pressiona pelo petróleo na Margem Equatorial e diz:

Queremos o petróleo, porque ele ainda vai existir por muito tempo. Temos que utilizar o petróleo para a gente poder fazer a nossa transição energética, que vai precisar de muito dinheiro”

Do outro espectro ideológico, o presidente dos EUA, Donald Trump, é o abre-alas dos combustíveis fósseis e corta incentivos para energia limpa como se não houvesse amanhã. Até porque, talvez, não haja.

Se Trump é o negacionista convicto, para quem a urgência climática é uma armação globalista, Lula é o negacionista moderado que, contra todas as evidências, ainda acha que dá tempo de fazer uma transição energética lenta, gradual e segura.

Prova que quando se trata de entrar na avenida, o enredo é bem diferente. Mas quando o tema é dinheiro, todos vão atrás do mesmo trio que deveria ser elétrico, mas ainda é de combustível fóssil.

Em tempo: se o ano no Brasil só começa depois do Carnaval, as ondas de calor chegam bem antes. Nem acabou a maior festa popular do país e já estamos na quinta onda de calor.

As máscaras sempre caem.

MÁSCARA 2: A inocência cruel das criancinhas

A gente sabe que a relação das crianças com a comunicação pode ser encantadora e ao mesmo tempo constrangedora.

Não digo que as falas do filho do bilionário Elon Musk dirigidas ao presidente Donald Trump são graciosas. São agressivas demais para um menino tão novinho.

Mas a cena possui tantas camadas de interpretação que é quase um convite às especulações. Coisa que não me arrisco.

Então, deixo a matéria feita pelo ultra competente Álvaro Pereira Júnior para o Fantástico.

São nove minutos que contam a influência de um no governo do outro para você entender a tensão nesse tabuleiro de forças que, sem querer querendo, pode ter tido a letra dada por uma criança.

As máscaras sempre caem.

MÁSCARA 3: O narrador Sergio Mauricio e a alegoria dos cretinos gente boa

“Vê se tem flamenguista lá. É tudo duro, favelado.”

A frase acima foi do narrador de Fórmula 1 Sergio Mauricio, em 2022, no áudio vazado durante transmissão do GP da Espanha, quando o profissional viu uma bandeira do Botafogo (seu time) na arquibancada.

Agora, ele foi afastado das transmissões da Band e Bandsports acusado de transfobia contra a deputada federal Erika Hilton (PSOL), coisa que a gente vê também nesta rede profissional (depois o cara reclama que não consegue emprego).

Em 23 de fevereiro, um comentário do perfil @sergiomdoficial disse que a deputada era “uma fake news humana” e “coisa”. Sergio Mauricio nega a acusação e diz que “não é a primeira vez que pessoas de forma maliciosa criam perfis falsos e/ou reproduzem falas inverídicas usando a minha imagem”.

Porém, cada vez mais Sergio Mauricio parece fazer parte de um grupo de pessoas, formado principalmente por homens, que tem uma máscara bacana, simpática e gente boa. Mas por dentro está caindo aos pedaços de tanto carregar preconceitos escondidos.

As máscaras sempre caem.

MÁSCARA 4: Tânia Bulhões, porta-bandeira do luxo

As xícaras caras e exclusivas de Tania Bulhões que, parece, são apenas caras e nem tão exclusivas têm dado dor de cabeça para a proprietária. Para estancar a crise nas redes sociais, ela lançou mão de um recurso tradicional dos endinheirados: o nepotismo.

Com isso, CEO da marca, Virgilio Bulhões, nepobaby de Tania, foi às redes sociais no sábado (22 de fevereiro) para apresentar sua versão da polêmica que envolveu a empresa.

Cabe nos perguntar se temos um divisor de águas no mercado de luxo.

Afinal, sabemos que para reafirmar que não fazem parte do mesmo mundo dos reles mortais, ricaços e ricaças pagam muito caro por qualquer tranqueira. Talvez agora comecem a entender que esse “estilo de vida” pode significar o reconhecimento público de pessoa enganada.

As máscaras sempre caem.

MÁSCARA 5: O adereço gramado sintético não é do futebol

É preciso reconhecer o feito da grama natural! 🏆

Ainda há algo natural que está na conta de alguém.

E não é de qualquer um que a grama natural cativou seu lugar, mas no dos principais craques em atividade no Brasil, que se uniram e se manifestaram contra os campos de futebol com piso sintético. (imagem acima)

Para quem sempre lamenta que jogadores nunca se posicionam, não vou reclamar. É importante ouvir dos profissionais qual é o palco ideal para um espetáculo melhor. Inclusive do ponto de vista da integridade física.

A melhor declaração foi do atacante do São Paulo, Lucas Moura, que desenhou por que o piso sintético não é adequado para o futebol de campo:

“O esporte é completamente diferente. Futebol de society e futebol de campo, gramado natural é totalmente diferente. O esporte que a gente joga é campo de 60×100, gramado natural. Futebol de society, 7×7, é totalmente diferente, a dinâmica é outra. Isso não tem como comparar. Então nosso ponto é totalmente técnico a nossa briga é essa…”.

Além disso, estou tão cansado desse mundo de artificialidade em tudo que fico feliz por esse momento de glória da grama grama, naturalmente verdinha.

Chega de filtros, procedimentos estéticos, polietileno, polipropileno, nylon, poliamida e poliéster.

Viva a grama natural!


Sou Rodrigo Focaccio, consultor de comunicação e Top Voice LinkedIn em 2019.

Trabalho com treinamentos corporativos para comunicação, estratégia e produção de conteúdo no LinkedIn para empresas e executivos.

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